Searinha: o palco para novas vozes do nativismo

Por Rodolfo Sgorla da Silva

Rodrigo Xavier e Pedro Franck, respectivamente o primeiro e o atual vencedor da Searinha, destacam a importância do festival. Inscrições para a 8ª edição seguem abertas até 12/10

Rodrigo Xavier é nostálgico ao relembrar alguns aspectos do começo da carreira como músico, ainda na infância. Hoje com 40 anos, o intérprete percebe inúmeras diferenças no contexto artístico, especialmente devido ao avanço tecnológico. Uma delas, por exemplo, é a forma como se enviava uma música para triagem em um festival.

– Antigamente, a gente gravava tudo em fita K7. Eu me lembro que às vezes tínhamos que fazer uma “mixagem diferente”, digamos assim, porque a gaita ficava muito mais alta que a voz e os demais instrumentos. Aí colocávamos o gaiteiro longe do rádio e nós ficávamos mais próximos para equilibrar o som. Hoje, se faz tudo em estúdio e se envia a música em arquivo digital – compara.

Rodrigo Xavier – Foto arquivo pessoal

Cantando afinado desde os 5 anos, a primeira triagem de festival da qual Xavier participou foi logo aos 9 anos, quando se inscreveu para a 1ª Searinha, espaço para jovens talentos na Seara da Canção Gaúcha. O carazinhense não só passou na triagem como foi o primeiro campeão, em 1991.

– Vencer a Searinha foi um divisor de águas para mim. Foi algo muito positivo e que me deu muita confiança. Depois obtive o segundo lugar no ano seguinte e tive a felicidade de vencer outros festivais. Enfim, a Searinha só me trouxe alegrias – destaca Xavier, lembrando que a 1ª Searinha também foi o primeiro festival em que ele competiu.

Após a primeira edição, a Searinha seguiu como uma tradição da Seara e como uma oportunidade para crianças e adolescentes apresentarem o seu talento ao mundo dos festivais.

Anos mais tarde, na última edição da Seara, em 2017, coincidentemente mais um jovem talento com vínculo com Carazinho venceu a Searinha. Pedro Franck, natural de Horizontina, mas que desde muito novo reside na Capital da Hospitalidade, ficou em primeiro lugar na 7ª edição.

Pedro Franck – Foto arquivo pessoal

Diferente de Xavier, Franck não precisou gravar música em fita K7, mas viveu outra história curiosa antes do festival. Pedro não passou na triagem e ficou como 1° suplente. “Respeitando os demais competidores e a escolha dos jurados, mas eu fiquei triste por não passar na triagem porque queria muito participar da Searinha”, recorda o jovem cantor, que na época tinha 9 anos.

Porém, após um dos competidores classificados comunicar que não teria como participar, ele ficou com a vaga para cantar no palco do festival. E agarrou a oportunidade com toda a força e talento. De suplente, ficou campeão. “Quando surgiu a chance de ir para o festival por ser o suplente, foi tudo muito em cima da hora, com poucos dias para se preparar. Foram horas de ensaio. Nunca imaginei que passaria de suplente a campeão. Foi uma felicidade imensa”, destaca Franck, hoje com 14 anos.

Famílias enraizadas no festival

Além de já serem campeões da Searinha e moradores de Carazinho, outra coincidência une as histórias de Rodrigo Xavier e Pedro Franck. As famílias de ambos são fortemente vinculadas à Seara da Canção Gaúcha. O pai e o tio de Xavier, por exemplo, participaram das primeiras edições do festival, inclusive com o pai dele, José Américo Alves Xavier, vencendo a categoria especial da 2ª Seara com a música Lamento para um Rio Humilde. E o próprio Rodrigo, além da Searinha, já competiu na Seara e já foi coordenador e jurado do festival.

– O vínculo com a música vem de família, a gente vem de um ambiente rural e sempre com a música gaúcha presente. E por esse histórico familiar me considero um filho da Seara. Tenho enorme carinho pela Seara e pela Searinha – salienta Xavier.

Além de ser um vencedor de Searinha, na família de Pedro Franck o vínculo familiar com o festival se relaciona com um dos maiores clássicos revelados pela Seara, a música Santa Helena da Serra, que foi cantada por Daniel Torres e Rui Biriva, este último tio avô de Pedro.

Em 1991, na Seara das Searas, edição comemorativa que reuniu músicas vencedoras de edições anteriores da Seara, novamente Daniel e Rui cantaram Santa Helena, sendo ovacionados pelo público. Na ocasião, estava junto no palco tocando violão Adilson Leonhardt Franck, pai de Pedro e que hoje integra a comissão avaliadora da 21ª Seara.

– Todo esse histórico familiar é maravilhoso. Dá pra dizer que a Seara está no sangue da família – afirma Pedro, que neste ano não se inscreveu para a Searinha, inclusive por seu pai ser um dos jurados. “Mas pretendo voltar em uma edição futura, inclusive, quem sabe um dia cantar no palco da Seara da Canção”, revela.

8ª Searinha

A próxima edição da Seara da Canção Gaúcha acontecerá em Carazinho nos dias 25, 26 e 27 de novembro. No último dia do festival, ocorrerá também a 8ª edição da Searinha, nas categorias Piazito (até 12 anos) e Piá (de 13 a 17 anos).

As inscrições para a 21ª Seara e para a 8ª Searinha seguem abertas até o dia 12 deste mês e podem ser feitas pelo site seara.rs. “Toda carreira artística começa num festival mirim. E essa é a importância da Searinha, é um festival que abre portas e que proporciona muitas oportunidades”, destaca Xavier. “Incentivamos muito para que os jovens talentos se inscrevam e participem da Searinha porque vale muito a pena”, complementa Franck.